terça-feira, 17 de maio de 2011

MÃES PARA UM MUNDO MELHOR (Êx. 2.1 -10)

Neste século considerado tão avançado, mas carente de valores que serviram de esteio para tantos avanços e conquistas sociais e históricas que nos possibilitaram chegar até aqui, cabe, neste dia dedicado às mães, fazermos uma reflexão: Que mundo estamos legando aos nossos filhos, netos e sobrinhos? Como estamos preparando, que valores estamos transmitindo a esta geração?

Neste texto de Êxodo, talvez encontremos a resposta. Nele deparamo - nos com uma corajosa mãe – JOQUEBEDE – que vivia numa época também conturbada como esta que atravessamos, uma época de violência, opressão e subversão de valores morais e espirituais. Entretanto, foi numa situação tão adversa que nasceu - lhe mais um filho _ Moisés – tão formoso quanto dependente dela, de seus cuidados, de seu amor, de sua proteção.

E o que era para ser motivo de alegria, tornou - se motivo de preocupação: Moisés estava proibido de nascer! Mesmo assim, escondeu a criança o quanto pôde. Quando não mais foi possível, colocou - o num “cesto de junco, calafetado com betume e piche e largou - o no carriçal à beira do rio”, v. 3. Certamente com o coração dilacerado e com lágrimas nos olhos, mamãe Joquebede viu seu filhinho desaparecer levado pelas águas. Contudo, ela era uma mulher que enxergava longe e queria o melhor para o seu filho, por isso, preparou - o para um mundo melhor e tão bem, que anos mais tarde Moisés tornou - se filho da filha de Faraó, v. 10.

Toda mãe sabe que mais cedo ou mais tarde seu filho vai ter que enfrentar o mundo sozinho, por isso, ‘não deve soltá - lo no mundo’ de qualquer jeito, nem superprotegê-lo egoística e perniciosamente. Deve, como Joquebede, antes de tudo, ‘calafetar bem o cesto de junco’,pois, como bem dizia o poeta Vinícus de Moraes, “são demais os perigos desta vida” e, preparar um filho para a vida demanda tempo, paciência, dedicação e disposição, Dt. 6. 6 - 9.

Que valores você tem ensinado a seus filhos? Estão eles preparados para enfrentar a violência e dizer ‘não’ às ofertas e armadilhas ilusórias do mundo, como as drogas, o sexo irresponsável, o consumismo desenfreado, os prazeres efêmeros? Noções de ética, limites, respeito, responsabilidade, solidariedade, cidadania, salvação e compromisso com Deus são o ‘betume’ e o ‘piche’ que vão sedimentar os alicerces do caráter e da fé em Cristo, ao longo de toda a existência da pessoa.

Sejam, como servas fiéis, mães modelares como Joquebede. Formem filhos cidadãos, salvos, aptos para habitar um mundo melhor: A Canaã celestial.


Maria Lúcia Fonseca

quarta-feira, 4 de maio de 2011

CEM ANOS DE ORAÇÃO E PENTECOSTES 08/06/1911 – 1º BATISMO COM ESPÍRITO SANTO NO BRASIL

“... de repente veio do céu um som veemente e impetuoso e encheu toda a casa em que estavam assentados”, At. 2.2

A Igreja fundada em Belém em 18 de Junho de 1911, nasceu sob o fogo do Espírito Santo, quando no alvorecer do dia oito desse mesmo mês, ’línguas como de fogo‘ pousaram, cada uma sobre cada uma daquelas duas perseverantes irmãs que aguardavam sofregamente, em oração, a Promessa do Alto naquela casa da Rua Siqueira Mendes.
Maria de Nazaré e Celina Albuquerque, de confissão batista, diz a História, abraçaram com fé a doutrina trazida pelos dois jovens pioneiros e, ávidas por experimentarem a ‘novidade’, do mesmo modo que aquelas outras mulheres mencionadas no primeiro capítulo de Atos, ‘estando entre elas Maria, mãe de Jesus’, ‘perseveravam unânimes em oração’, buscando a ‘promessa do Pai, seguida do consequente revestimento de poder e o falar em línguas estranhas, conforme prometido por Jesus, Lc. 24.49.
Posto que não se possa dissociar oração de Pentecostes, porque é “orando que se obtém a unção real”, este Centenário assembleiano pentecostal celebra também cem anos de oração, esta força que move as mãos do Todo Poderoso para atender ao clamor do suplicante esperançoso.
E em assim sendo, a história desta Obra secular registra a chegada dos pioneiros Günnar Vingren e Daniel Berg em 19 de Novembro de 1910, a Belém, sendo hospedados nos porões da Igreja Batista, na Rua João Balby. A razão? Simplesmente os diáconos daquela igreja há algum tempo já reuniam-se especialmente para rogar ao Pai por um despertamento. Quando estes missionários foram apresentados à Igreja, aqueles obreiros, viram nesse fato, a resposta que esperavam, pois disseram: ”Agora chegaram aqueles por quem orávamos”. Glória a Jesus!
De lá para cá, o mover do Espírito continua impactando vidas. Sinais e maravilhas resultantes da ação e do poder de Deus ainda acompanham os que crêem, porque a ênfase que repousa no buscar a Deus em oração persiste como marca desta Obra.
Mulheres como Lina Nyströn, Sara Berg, Frida Vingren, Beatriz Nascimento, Lydia Nelson, Necy Vasconcelos, Santina Queiroz, Francisca Menezes, Lília Cohen, Lavina Moraes, Judite Gouveia, Adelaide Lima, Maria Lavor, Dorothy Skeete, Raimunda Nery e tantas outras heroínas na oração, anônimas, que já descansam com Deus, marcaram as páginas da história da Assembleia de Deus em Belém e no Brasil, pela vida de piedosa oração que cultivaram. Delas muito se poderia falar. Algumas destas, joelhos dobrados em incessante oração, muitas das vezes regada com lágrimas copiosas, sustentaram o ministério de seus maridos pastores, enquanto estes laborando, “viviam nos campos guardando os rebanhos”, Lc. 2.8.
Assim, percorrendo os caminhos da Obra pentecostal, pode-se ver, que a senda desses servos de Deus é marcada pelo sinete da oração. Foi a uma humilde irmã, que o Senhor, enquanto esta orava certo dia em favor de seu servo, mostrou que a missão de Gunnar Vingren aqui na terra tinha se completado. Enquanto orava, num êxtase, esta irmã viu-se rodeada de muitos cestos e vasilhames, todos repletos de frutos. Entendeu, então, que ele completara a carreira cristã, pois as medidas estavam cheias, conforme relata irmã Frida, sua abnegada esposa e companheira de lutas.
Como afirma Robert L. Brandt, “o coração de Deus é cativado não somente por uma atitude humilde mas também por uma petição destituída de egoísmo”.


Maria Lúcia Fonseca

MAIS QUE UMA DATA, UM FATO HISTÓRICO

Cem anos depois, após um período de esquecimento, a Amazônia _ e com ela o Pará _ está na ordem do dia. Continua complexa e cheia de contrastes. A natureza não é a mesma, no lugar da mata densa surgiram estradas, fazendas, vilas e cidades. A produção econômica mais pujante é o minério. O analfabetismo ainda que reduzido continua uns 12 a 10 %, na população acima de 15 anos.Um grande desafio não só para os demais brasileiros, mas para os milhares de pentecostais.

O dia 19 de novembro é muito significativo para a História da Assembleia de Deus em Belém. Exatamente há cem anos chegavam a esta cidade, vindos dos Estados Unidos da América, os jovens suecos, Gunnar Vingren e Daniel Berg. Por que tão significativa essa data, se a fundação da Igreja Assembléia de Deus ocorreu em 18 de Junho de 1911?

Primeiramente por ser, 19 de Novembro, o Dia da Bandeira, festejado quatro dias após à comemoração dos onze anos da jovem república brasileira, cuja Constituição consagrava a separação entre o Estado e a Igreja.

Outro ponto significativo e intrigante é que justamente no segundo semestre de 1910, ocorreu outra queda expressiva nos preços da borracha, só que desta vez não aumentaram mais. Era o começo do fim da prosperidade, do refinamento de hábitos da elite paraense, da efervescência artístico - cultural das companhias estrangeiras que aqui aportavam.

Deus, o Senhor da História, na sua onisciência escolheu Belém para iniciar o maior movimento pentecostal no Brasil, pois sabia que toda aquela movimentação, proveniente da riqueza da borracha, com levas de imigrantes sofreria uma reviravolta.

Voltando àquele passado, de certo ponto de vista não tão longínquo, nos remete primeiramente à natureza amazônica. Nos fragmentos do diário de Vingren podemos rever a paisagem exuberante da natureza, quando, numa viagem às ilhas, nos arredores de Belém, um mês depois de sua chegada, ele registra: "fomos levados para um mundo romântico, dominado por imensas selvas com grandes orquídeas e cipós por todos os lados. Não havia estradas na selva fechada e misteriosa, ou qualquer vereda por onde pudéssemos caminhar com segurança", além de impressões sobre animais selvagens, como onças, jacarés, e os macacos, tão comuns nas viagens, não só dele, mas de outros pioneiros.

Sabemos que Daniel Berg e Gunnar Vingren encontraram uma cidade com padrão de urbanização e estilo de vida avançados, se comparada com outras capitais do Norte do Brasil. A cultura fervilhava com exposições de espetáculos de música lríca no Teatro da Paz. A população paraense tinha crescido com a vinda dos "cearenses" que fugiam da seca para os seringais amazônicos. Em 1910, segundo fontes históricas, a população paraense contava com 783.845 habitantes.

Na verdade, no aspecto sócio-cultural, a Amazônia era complexa, difícil e cheia de contrastes. A riqueza vinda da borracha convivia com a miséria e o analfabetismo, 70% da população era analfabeta. Entre 1910 e 1920 o fato mais importante na História do Pará, foi o refluxo da população nordestina de volta aos seus lugares de origem.

Integrando esse contingente, os então convertidos à nova fé voltavam para seus parentes e amigos levando as Boas Novas. Foi assim que os 19 pentecostais iniciais ganharam dezenas de novos adeptos. Enfrentaram feras, rios revoltos, fome e perseguições de todo tipo. Construíram escolas e derrubaram paradigmas. Como diz o hino, "eram heróis sem medalhas, mas suas histórias não podemos esconder". Ganharam centenas de pessoas e hoje são milhares. Assim as Assembleias de Deus se espalharam no Brasil.

Os jornais da época noticiavam apreensivos a saída dos nordestinos ou “cearenses” despovoando o interior do Pará. O que estes veículos não noticiaram, e hoje sabemos, é que muitos desses nordestinos foram impactados pelo poder da mensagem trazida por Berg e por Vingren, pois lhes dava uma dignidade que a riqueza da borracha não lhes deu e nenhum sistema social pode dar.

Agradeço a Deus, ao meu país e o Seu povo por me dar condições de fazer hoje, o que naquela época não seria fácil: ter a liberdade de registrar publicamente estas reminiscências.

Parabéns Brasil!
Parabéns Pará!
Parabéns Belém!
Parabéns à Igreja Matriz de todas as Assembleias de Deus no Brasil!



Autora - Miriam Gouveia dos Santos.