A data de 14 de Agosto de 2011 vai ficar marcada entre os crentes presentes no culto da Igreja Assembleia de Deus da Barão do Triunfo como o evento que homenageou um dos maiores vultos do evangelismo brasileiro e paraense: O Pastor Isidoro Filho, mais conhecido por Caboclo Isidoro, considerado o primeiro pastor consagrado pela Assembleia de Deus no Brasil nos idos de 1912, pelo saudoso missionário Gunnar Vingren, na cidade marajoara de Soure.
O mais interessante é que não foi uma coisa programada, mas creio que o Espírito Santo conduziu tudo nesse rumo. O certo é que o momento foi preparado para reunir na congregação naquela noite, descendentes de pioneiros homens de Deus, que marcaram o início da Obra Pentecostal em solo paraense, incluindo os que integram ou integraram a membresia da Igreja no bairro do Marco.
Tanto que lá estavam netos e bisnetos do Pr. João Pereira de Queiroz; filhos, netos e bisnetos do Pr. Luís Higino de Souza; filha do Pr. Manuel Nilo de Souza; nora e neto do Pr. Armando Chaves Cohen; filha e neta do Pr. Alcebíades Pereira Vasconcelos e, em maior número, descendestes do Pr. Isidoro Filho e da irmã Maria de Nazaré Oliveira, digna esposa e companheira de lutas deste formidável homem de Deus, dentre os quais as Professoras Rísia Ferreira de Oliveira Silva, Marinete Rodrigues de Oliveira, Ofyr, Oséas, Rute, Romélia, Oteni, Ramias, Otheniel e Osias. Alguns deles rememoraram eventos relacionados àqueles dias tão distantes em que a Obra Pentecostal espalhava-se pelo interior paraense pela instrumentalidade de homens e mulheres simples, mas cheios de zelo e poder de Deus, como Isidoro Filho, Maria de Nazaré e outros.
Período de muitas dificuldades, eis o que relata o escritor Ruy Raiol em um dos seus escritos: “O fogo se espalhou rapidamente”. Assim Gunnar Vingren escreveu sobre o progresso da obra pentecostal nos primeiros anos da missão. A Ilha de Marajó, onde os missionários estiveram apenas um mês após o desembarque em Belém, transformou-se num dos mais ricos berços do Movimento Pentecostal Brasileiro. Caviana, Anajas, Afuá, Bela Vista do Jupati e Soure são alguns marcos dessa época, irradiando a mensagem do Evangelho para todo o arquipélago marajoara”.
UMA HISTÓRIA DE CORAGEM
Não sabemos muito bem o dia em que Isidoro Saldanha de Oliveira teve o seu encontro pessoal com Jesus e com a fé pentecostal, contudo, pode-se afirmar que foi através da pregação dos missionários suecos Vingren e Berg na primeira visita que fizeram a Soure, ainda em 1910. O certo é que em sua casa, em Soure, Maria de Nazaré e Isidoro hospedavam sempre esses homens de Deus. Consta, inclusive, que, quando da ausência destes, irmão Isidoro tomava conta do trabalho da igreja na localidade.
No início da obra, até por uma questão de necessidade e por verem como Deus agia e usava aqueles que se dedicavam em servi-lo, os missionários suecos valorizaram a mão de obra nativa, incluindo os nacionais no ministério da igreja nascente.
Assim, como sempre agiam, tementes que eram ao Senhor, e com oração, procuravam a direção divina naquilo que faziam, “no início de 1912, após uma oração pedindo ao Senhor que mostrasse quem deveria dar prosseguimento ao trabalho naquela ilha, irmão Vingren convidou o Caboclo Isidoro para assumir a responsabilidade da nova congregação no Marajó. Este relutou em aceitar o encargo, porque achava que pouco conhecia da Palavra, mas ante os argumentos de Vingren, que insistia e o encorajava dizendo: “Jesus te ensina, irmão”, aquiesceu e de fato, assim aconteceu, pois Jesus o dotou de muita sabedoria e conhecimento bíblico. Nessa mesma ocasião, Isidoro Filho foi ordenado ao santo ministério, para pastorear a igreja em Soure, tornando-se o primeiro pastor brasileiro da Assembleia de Deus no Brasil.
Irmã Maria de Nazaré, em entrevista cuja cópia encontra-se no Museu da Igreja em Belém, relata que presenciou muitas maravilhas que Jesus operou por meio de Vingren e Berg nessa região marajoara, como segue:
Um dia quando estavam em oração, uma criança veio a falecer. Gunnar Vingren, orando, pegou em uma das mãos da criança e chamou-a pelo nome: Judith! E ela voltou a si, sorrindo como se tivesse acabado de acordar. Foi a primeira de muitas maravilhas que viu.
Das perseguições, com a ajuda de Deus, saíam sempre vitoriosos. Certa vez, em dia de batismo, apareceu um grupo de homens para perseguirem os crentes, sendo o alvo principal, os missionários. Entretanto, um dos homens que fazia parte do grupo perseguidor, gritou: “Afastem-se todos! Deixem esses homens fazerem o que eles quiserem, nós estamos perseguindo uma coisa que nós nem sabemos o que é! Saiam, saiam, saiam...”. Então, Gunnar Vingren disse: Glória a Jesus, vamos entrar na água! E passou a batizar os novos convertidos, entre os quais, meu pai, minha mãe, meus parentes, era muita gente.
Como sempre fazia, Daniel Berg vendia livros, testificava e realizava cultos. Em Soure foram muitas as pessoas que aceitaram a Cristo. Mas também se manifestou a reação dos inimigos de Deus. Os crentes e os pregadores foram apedrejados e ameaçados, porém, nada lhes aconteceu. Um dos perseguidores, destacando-se dentre os demais, gritou para todos ouvirem: “Oxalá uma onça devore esses pregadores de novidades!”.
Pois bem, o que aconteceu foi o seguinte: Alguns dias depois, uma onça penetrou no quintal da casa do homem que proferiu essa terrível sentença, e devorou-o. Esse fato encheu de temor toda a população, que passou a considerá-lo um castigo divino.
Pastor Isidoro e irmã Maria de Nazaré tiveram 18 filhos, dos quais, 15 sobreviveram, sendo 10 homens e 5 mulheres.
Este pioneiro das lides pentecostais foi ao encontro de Jesus no dia 29 de novembro de 1947, deixando um exemplo de desprendimento e amor pelos perdidos digno de ser imitado hoje pela nova geração de obreiros.
Parabéns ao Pastor Nelson de Oliveira Cardoso por tão feliz iniciativa.
Maria Lúcia Fonseca
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